- Área: 210 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Mauro Goulart
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Fabricantes: Maccaferri, Quartzolit, Votorantin
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado na praia da Guarda do Embaú, estado de Santa Catarina, Brasil, o conjunto residencial denominado - Rancho 14 foi encomendado por um casal de argentinos que tinham neste projeto a realização de um sonho. Por muito tempo fizeram a economia necessária e entre “idas e vindas”, fronteiras e aduanas, chegaram à quantidade necessária de dinheiro para sua execução. Tivemos sorte! Pois, por um acaso do destino, fomos os arquitetos escolhidos.
Um terreno generoso, com um nível levemente mais alto que a rua, já acenava uma possibilidade de visuais, tanto para o mar como para a serra geral. Também havia algumas belas árvores que deveriam ser preservadas por sua beleza e importância para compor uma poética espacial.
O programa é composto pela casa principal, que serve como residência dos proprietários, e três casas para alugar na temporada de veraneio, já que a principal economia do lugar é a pesca e o turismo. Apesar da simplicidade o programa se tornava complexo, pois o terreno com 370 m² era pequeno para comportar todas estas necessidades.
A proposta foi resolvida com duas edificações. A principal, localizada no centro do terreno, com uma área construída de 100m², compreende o volume principal em alvenaria e dois volumes anexos executados em madeira, tendo o telhado verde como cobertura.
O menor compondo as sacadas do volume principal e o maior abrigando o ateliê do casal que por ser estruturado com duas lajes de concreto armado ancoradas no volume principal e apoiado em dois pilares circulares, libera as fachadas para utilização de fechamentos em madeira e vidro.
O volume principal foi pintado de branco e os elementos de madeira e concreto armado foram deixados ao natural, formando uma espécie de diálogo entre os materiais: a madeira quente e acolhedora, o concreto frio e hostil, mas espelhando os veios e nós das formas de madeira.
O artificial e o natural como uma aventura humana. O resultado foi uma arquitetura de espaços abertos e jogo de volumes coroados por tetos verdes, que possibilitou transferir a área perdida do terreno para o terraço, e ainda, com um ganho visual para o mar, para a serra e para o pôr-do-sol, que dilui qualquer intenção de foco visual.
O outro volume, um bloco retangular único, disposto de forma transversal ao fundo do terreno compreende as três casas de aluguel, também construído em alvenaria e com sacadas de madeira cobertas pelo telhado verde. A cor verde desta edificação foi escolhida com a intenção de mimetizar-se na paisagem, integrando-se com a vegetação original do terreno e com isso destacando a edificação principal.
Enquanto o volume das casas de aluguel segue uma planta funcional, a planta da casa principal busca criar uma intersecção de espaços abertos, luz com brisas de ventilação natural cruzada. O jogo de escadas, hora banhando de luz, hora de sombra, serve de circulação vertical, com dobras e trocas de percurso que revelam diferentes visuais da arquitetura e da paisagem. Já a área de serviço, locada no centro do terreno, acontece subvertendo a funcionalidade lógica.
Por fim, o projeto teve como objetivo a busca de uma poética espacial integrada com a natureza local como uma formulação fenomenológica do ser-no-mundo, onde a pessoa e o mundo artificial e natural são mutuamente constitutivos.